sábado, 4 de fevereiro de 2012

Vozes da rádio














As nossas memórias de infância são muitas vezes "repescadas" por culpa de sons e cheiros.
Lembro-me de a minha mãe me levar à escola todas as manhãs, e de imediato surge um som associado ao percurso: a voz de Francisco Sena Santos com as notícias da manhã.

Não poderia, também, esquecer-me das sextas à tarde (o prelúdio do tão almejado fim-de-semana) com uma memória auditiva associada ao percurso de carro com o meu pai: Luís Ochôa Sexta-Feira. Apesar de ainda não estar em idade de me interessar pelo tipo de programa em causa, o nome ficou, talvez pela invulgaridade, talvez pela rotina (ou talvez porque o Luís Ochôa continua na Antena 1, agora como correspondente em Bruxelas).

Os passeios em família também têm memórias auditivas, ou não fossem feitos de carro. Quando não tocavam as cassetes do Zeca ou "Zeca e outros", como o meu pai tão cuidadosamente etiquetava, tocava a rádio, tocava o Viva a Música do Armando Carvalhêda. Ainda hoje a sua voz me remete para passeios (até porque em tempo de aulas seria impossível ouvir o programa).

Como já devem ter percebido, cá em casa e principalmente nos carros, a Antena 1 é rainha. Que me lembre, nunca houve espaço para mais nenhuma estação de rádio. Eu familiarizei-me com as vozes e com a "companhia" de quem a faz, e por isso também já não a dessintonizo. Afinal, ninguém gosta de estar com "desconhecidos".

Quando criamos laços destes, construímos também uma relação de confiança que não gostamos de ver quebrada.
É por isso que a demissão da Direcção de Informação é importante. É por isso que interessa saber quem permitiu, quem censurou, quem desrespeitou a liberdade de expressão e os ouvintes e quem manteve a sua dignidade profissional acima de tudo.
Em nome do ouvinte. Porque ninguém gosta de andar com más companhias.

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