domingo, 19 de maio de 2013

Co-adopção: o primeiro de muitos passos


A primeira palavra que me ocorreu para caracterizar este projecto de lei foi incipiente. Trata-se, afinal, de regulamentar uma situação existente, ao invés de reconhecer os direitos cívicos que deveriam ser de todos os cidadãos.

Uma abordagem mais racional obriga-me, no entanto, a reconhecer que de outro modo talvez não se conseguisse nada. Tem de ser aos poucos, não é verdade?

Tiro, portanto, o chapéu à persistência de Isabel Moreira, e acredito que a deputada "rebelde" ainda possa ter mais cartas na manga.

Gostaria, também, que certas esquerdas deixassem de fazer disto um problema (sim, eu sei que votaram a favor, mas foi só porque não estava em causa uma mudança a sério) e se deixassem de ideias peregrinas acerca de debates na sociedade sobre assuntos onde não cabe nenhum debate. É de igualdade de direitos que estamos a falar, e esses não são de esquerda nem de direita. Deixem-se de atavismos.

No limite, até é de direitos das crianças que estamos a falar. Não há catrefadas de crianças institucionalizadas? Então por que é que se nega à partida a possibilidade de adopção a uma fracção da população, sem sequer escrutinar essas pessoas? Sim, porque quem se candidata a adoptar é necessariamente escrutinado, enquanto que quem decide ter um filho pelos métodos tradicionais (quando decide) não tem uma comissão de avaliação de capacidades parentais à porta.

Deixem ser pais a quem o deseja e ainda por cima tem de provar que é capaz.