domingo, 17 de fevereiro de 2013

A linha do Vouga


A ferrovia mexe comigo. Há qualquer coisa num par de carris a atravessar um monte, uma povoação ou uma estrada que me enche as medidas, por assim dizer. Há também o facto de ter familiares (um deles já cá não está) a trabalhar na CP. Há qualquer coisa de bucólico e de melancólico em tudo isto.

Ainda não conhecia a linha do Vouga. Passei a conhecê-la numa visita de trabalho a São João da Madeira. Fiquei também a conhecer o desapego pela ferrovia fora do eixo Braga-Faro (já tinha ouvido falar dele, mas vê-lo é outra coisa). Os apeadeiros, como este, parecem parados no tempo. Em São João da Madeira a bilheteira abre uma vez por mês para renovação de assinaturas, mas aquela não parecia ter uso há muito tempo. O relógio, parado. Só a instalação solar fotovoltaica demonstrava que alguém deste tempo tinha lá estado.

Quanto ao comboio propriamente dito, palavras para quê?




quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Voos da CIA: afinal era verdade

Acabou o tabu: os voos da CIA passaram mesmo por Portugal. Ana Gomes e todos os que levantaram suspeitas estavam certos. A informação foi revelada pelo relatório "Globalizing Torture", da Open Society Justice Initiative, que identifica os 54 países envolvidos no programa secreto de detenção e transferência de passageiros da Administração Bush. Em Portugal, houve mais de 100 escalas, onde se incluem voos com prisioneiros de e para Guantánamo.

Entre as 136 pessoas submetidas a tortura encontra-se Ibn al-Shaykh al-Libi, um operacional da Al-Qaeda líbio cujo interrogatório, conduzido com métodos coercivos, levou a uma informação de, digamos, inestimável valor: a disponibilização, por parte de Saddam Hussein, de armas químicas e biológicas aos militares da Al-Qaeda. A falsidade da confissão foi admitida pelo prisioneiro. A consequência é por demais conhecida. Parece que só falta mesmo a punição de quem permitiu uma e outra.

Nota: A "revelação", em primeira mão, sobre as armas de destruição maciça, veio de Rafid-al-Janabi, um mentiroso compulsivo que terá assistido à produção das ditas mas que, afinal, era só taxista (ler Visão nº 1045)

Imagem: www.uclouvain.be