quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Arrumar, despedir, partir...



É agora. É amanhã, mas já cheira a despedida, até porque o ritual já começou.
Dizer "adeus" nunca foi comigo, e despedir-me de um período de grande realização profissional (sim, é um estágio, e depois?) é uma tarefa particularmente espinhosa. Junte-se a isso a despedida de todas as pessoas que povoaram e/ou protagonizaram o dito período e temos pretexto para Prozac. Dificilmente imaginaria que iria guardar tão boas memórias de tão curto período, mas felizmente assim é.
Resta o consolo de não cortar de vez, de manter uma porta aberta para...logo se verá.
Até sempre, Público!

Uma falha...tectónica!



O sismo da noite passada despertou em mim um desejo antigo: sentir um abalo sísmico. Fraquinho, vá, não pensem que gostaria de ter estado em Lisboa no dia 1 de Novembro de 1755.
Passei anos a ouvir recomendações sobre "como proceder em caso de sismo", mas só nos bancos da escola. Sentir o chão a tremer é que está de grilo. Já ouvi relatos de quem tenha dado por eles, mas talvez um sono pesado me tenha impedido de me deixar "embalar" pela força da Natureza.
Continuo à espera que as placas tectónicas se lembrem de mim, mas sem violência, pode ser?

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Por qué no te callas?








O economista Mira Amaral afirmou hoje que “não há margem para aumentar salários na função pública nos próximos tempos” e que a redução défice orçamental nos últimos três anos “foi mal feita”.

Lusa, 16-12-09

«Também, como é humanamente compreensível, só estaria disponível aos 56 anos de idade para perder a minha reforma como Administrador do BPI se a CGD me oferecesse um esquema alternativo semelhante, o que de facto acontece com a legislação que me é aplicável como administrador da CGD», sublinhou o ex-presidente da comissão executiva da Caixa.

Segundo números avançados pela imprensa, Mira Amaral irá receber uma reforma de 18 mil euros da CGD.

DN, 28-09-04

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Prou!, ou "basta" em catalão

















O parlamento da Catalunha vota esta sexta-feira um abaixo-assinado subscrito por 180 mil cidadãos que querem o fim das touradas na região. Durante o debate, um representante da plataforma Prou! (significa "Basta", em catalão) pode fazer uma intervenção de 15 minutos, seguindo-se o debate parlamentar propriamente dito. Um "sim" encerraria a última praça de touros activa na Catalunha, a de Barcelona.
Com base no número de assinaturas conseguidas por duas organizações e nos inquéritos realizados, a activista Cármen Mendez acredita que 70 por cento dos catalães se opõem às touradas.
Se calhar está na altura de deixar de usar imagens semelhantes à de cima (que tão oportunamente "escondem" o sangue") para ilustrar Espanha. É uma questão de dar às pessoas o que elas querem, não o que alguns querem que elas queiram.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Sim, vou espetar-te uma faca, e depois?


















Jorge Talixa assina hoje, no PÚBLICO, um artigo acerca de uma decisão judicial proferida pelo Tribunal da Relação de Lisboa sobre um caso ocorrido em 2005.
Vamos aos factos: um jovem é interceptado pela GNR em Salvaterra de Magos quando os agentes se apercebem que transporta uma faca de cozinha com 15 cm de lâmina. O honesto moçoilo explica que quer "ajustar contas" e é detido, sendo depois condenado a seis meses de prisão. Mas a Relação veio trocar as voltas por causa de um tal "acórdão uniformizador" de 2007. O documento estabelece que a posse de um instrumento cortante, ainda que sem relação com a actividade profissional do indivíduo (deduzo daqui que o rapaz tenha sido ilibado sem ser necessariamente cozinheiro) apenas é crime "se o objecto estiver deliberadamente escondido ou disfarçado, aumentando o grau de surpresa e reduzindo a capacidade de defesa da eventual vítima". Ah, e além disto, o Tribunal da Relação também entende que os eventuais portadores dos ditos instrumentos cortantes têm de justificar a sua posse. Ou seja, está tudo assegurado. A faca estava tão à vista que os polícias toparam e o uso também estava justificado: espetá-la em alguém. Mesmo que o desgraçado se apercebesse do perigo, se não conseguisse correr ou defender-se convenientemente (nem toda a gente anda com facas para se proteger de eventuais ataques)...paciência!

Confesso que sou adepta de um sistema judicial garantista. Reconheço muitas falhas no nosso, algumas por excesso de garantismo, mas arrepia-me a completa subjugação dos direitos dos reclusos. Mesmo assim, acho que ainda consigo discernir o aceitável do ridículo.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Carne sem dor














Dentro de alguns anos, imagens como a de cima poderão passar à história ou, pelo menos, deixar de ser vistas amiúde. Diz o PÚBLICO online que há um grupo de cientistas holandeses a trabalhar num "tecido fibroso comestível" cujo objectivo é substituir a carne provinda desses massacres praticados diariamente nos matadouros de todo o mundo. Para já, sabemos que esse tecido é fabricado a partir de células musculares de animais. Animais esses que terão de vir de algum lado, mas vamos afastar a ideia de porcos ou vacas "de laboratório" para não nos assustarmos quando a procissão ainda vai no adro.
Parece que os "grupos vegetarianos" já louvaram a iniciativa. Chamem-me ignorante, mas eu não sei o que é um grupo vegetariano. Posso garantir-vos que não pertenço a qualquer seita, lobby, grupo de pressão ou o que lhe quiserem chamar, e também não penso largar uma bomba num restaurante de rodízio. Aliás, conheço tão poucos vegetarianos que seria impossível formar uma milícia minimamente convincente. Adiante. É difícil proferir uma opinião sobre uma coisa numa fase tão embrionária e cujos métodos de produção se desconhecem. Que implicações terá para a saúde? Quais as contrapartidas ambientais associadas?
De qualquer forma, a ideia de desenvolver um projecto científico a pensar no bem-estar dos animais (partindo do pressuposto que a ideia é mesmo essa) é louvável. Há muita pedra a partir nesta área - e muitas vezes dá vontade de a partir atirando-a contra certas cabeças duras - mas não deixa de ser gratificante constatar que pelo menos já há debate.

(A foto é da Reuters)

Pois...



A crónica de Rui Tavares, hoje, no PÚBLICO, intitulava-se "Nada é permanente". No texto, o historiador e eurodeputado discorria sobre o Tratado de Lisboa, mas dificilmente encontraria algo tão adequado para o dia de hoje, ainda por cima no "meu" próprio jornal (não interpretem este "meu" como sobranceria, é uma forma carinhosa de tratar o jornal que leio há muito tempo e onde tive o prazer de trabalhar durante três meses).
Não saio já, mas pouco falta. Na bagagem, levo experiência, muita aprendizagem e saudades, que já apertam antes mesmo de dizer adeus. Nunca mais olharei o jornal da mesma forma, porque cada página me recordará os momentos vividos. Antes de cá chegar, tinha medo que tudo isto corresse mal, e depois...depois como olharia de novo para o meu jornal de sempre? Hoje, felizmente, sei como olhá-lo. E como abraçá-lo.