terça-feira, 31 de maio de 2011

Da chuva, dos livros e dos cães























O Porto estava ao rubro no último fim-de-semana. Difícil era mesmo escolher. Feira do Livro, FITEI, Serralves em Festa, animação variada na baixa...name it!

Parte da escolha já estava feita, com a ajuda do Ípsilon: "A Colecção Privada de Acácio Nobre", peça a exibir às 18h30 de sábado no Teatro Carlos Alberto. Antes, a Feira do Livro, e estava o plano delineado.

Em Braga, deixei o calor insuportável e a caravana do PSD. Chegada ao Porto, rapidamente percebi que os óculos de sol eram supérfluos e a camisola afinal até ia dar jeito.

A chuva apanhou-me, pois, em plena Feira...ao ar livre. Não é que a Avenida dos Aliados não fique ainda mais bonita povoada de livros, mas para quem se passeia sem guarda-chuva o cenário não é o melhor. Mas já que estava lá, que se dane a chuva! Ainda deu para comprar o livro de Raquel Varela sobre a história da intervenção do PCP no pós-25 de Abril e quase ser acusada de furto. Sim...

O simpático senhor que me atendeu explicou que o pagamento era feito numa área central, e que até lá eu podia "circular à vontade". Pois eu fiz jus à sugestão e circulei...até demais! Passei uma barreira quase imperceptível (depois dela a Feira continuava) e lá veio o simpático cavalheiro explicar que afinal não dava para circular tão à vontade quanto isso. Tudo isto sob o olhar desconfiado de um dos seguranças...

No percurso até ao teatro, nova carga de água, compensada depois com chá (intragável mas servido com muita gentileza) e um lacinho para o cabelo. Sim, um lacinho. Tudo isto fazia parte do enquadramento da peça. Vejam-na, um dia, e vão perceber.

É claro que tanta água deixa as suas marcas, e segunda de manhã a garganta lá se começou a ressentir. À tarde, antes de mais uma jornada de canil, estava pior. Às 17h, desaba um aguaceiro que quase faz desabar o próprio canil. Pronto, vá, só foram alguns galhos.
Missão: resgatar os animais do perigoso passeio. Voluntárias para a chuva, voluntárias ensopadas.

Aguardei com expectativa o que o dia de hoje ia trazer, mas eis que a dor desapareceu e os primeiros sintomas de gripe parecem abrandar.

Há dias assim, de sorte.

(A imagem veio daqui, também a propósito de uma Feira do Livro)

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Brasil e Uganda nos extremos do arco-íris














Alexandra Lucas Coelho deu ontem a conhecer no PÚBLICO o Brasil "mais livre e democrático" nascido de uma deliberação do Supremo Tribunal que reconhece, por unanimidade, "a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar". Uma breve passagem pelo texto permite concluir que a homossexualidade ainda é vista com desconfiança, para recorrer a um eufemismo, por boa parte dos brasileiros. No país do Carnaval, conta a repórter, há casos de travestis assassinados em todas as cidades. Não surpreende, por isso, que a decisão seja considerada histórica e provoque uma onda de esperança quanto à diminuição da violência em relação aos homossexuais.

Do outro lado do Oceano, no Uganda, o parlamento poderá aprovar, dentro de algumas horas, um projecto de lei que prevê a aplicação da pena de morte a homossexuais. Junte-se a esta proposta uma outra: a de atribuir uma pena até 3 anos de prisão a quem for conhecedor de casos de homossexualidade e não os denunciar às autoridades. Depois do assassinato de um activista LGBT, a aprovação desta lei incentivadora da bufaria e do pânico generalizado pode ser o mote para uma escalada brutal da violência.
A petição para tentar evitar um tamanho desrespeito pelos direitos humanos corre aqui.
Veremos se o Uganda também acorda mais livre.