domingo, 18 de julho de 2010

O capitalismo, a austeridade e outros que tais


















O capitalismo foi longe de mais?

O capitalismo vai sempre longe de mais. É a sua natureza. O capitalismo, na sua forma pura, se é que ela existe, já tinha colapsado em 1929. O que foi reconstruído, nos EUA, entre os anos 30 e 80, foi um sistema misto, com um sector público muito mais forte. O esforço de regressar ao capitalismo pré-1929, desregulamentado e sem supervisão, conduziu muito rapidamente à repetição do desastre de 1929.

Passada a tempestade, voltaremos às tentativas de regressar ao capitalismo pré-1929?

Existem muitas pressões para retomar o caminho da desregulamentação e diminuição do peso do Estado. O ataque ao Estado-Providência em curso na Europa é isso mesmo.

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A crise do subprime dá origem a uma viagem rumo à segurança, ou seja, os investidores, escaldados com os activos tóxicos, passaram a preferir ter nas mãos dívida dos EUA, Alemanha, França e, talvez, do Reino Unido. Países que, em situação alguma, deixariam de cumprir com as suas obrigações financeiras. O que fazem? Vendem todos os títulos de dívida de outros países para se concentrarem apenas naquele grupo seguro.

Então o que é que os governos europeus deveriam estar a fazer?

Primiro, o Banco Central Europeu (BCE)deveria encarar o problema com frontalidade e começar a comprar a dívida de alguns países - e já está a fazê-lo e vai continuar a fazê-lo.

A austeridade é potencialmente desastrosa?

Sem dúvida! Adoptada por todos os países torna-se num ciclo vicioso depressivo, que vai resultar em declínio económico. Estamos a falar de países onde o sector público é responsável por metade do PIB. Cortar no sector público é cortar no próprio PIB.

Excertos da entrevista do economista James K. Galbraith à VISÃO de 15.07.2010.
Nota: Esta transcrição ignorou ostensivamente as normas do Acordo Ortográfico recentemente adoptadas pela VISÃO.

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