terça-feira, 7 de setembro de 2010

Impressões de uma estreante















É bonita. É acarinhada. É feita com tanto suor quanto empenho. A Festa do Avante! tem tudo: jovens em busca do ambiente festivaleiro, jovens revolucionários, menos jovens militantes até às entranhas e fiéis ao "Partido" para todo o sempre. O Partido é a sua casa, a sua alma. Vestem-no por dentro mas também o ostentam por fora, em t-shirts, boinas, bandeiras e numa fidelidade inquebrável.
O socialismo, a solidariedade, a camaradagem, a entreajuda. Está lá tudo. De todo o lado. De Viana ao Algarve, passando pelas ilhas, gastronomia, artesanato e música para todos os gostos. E os vegetarianos não foram esquecidos.
É, pois, uma festa multitemática, mas onde todos ou quase todos os caminhos vão dar à muito bem organizada (goste-se ou não, tem de se lhe tirar o chapéu) propaganda comunista. Um exemplo: no espaço Cineavante, exibição de Pare, Escute, Olhe, premiado documentário de Jorge Pelicano sobre a degradação da Linha do Tua, com direito à presença do realizador...acompanhado por alto dirigente comunista a fazer notar à plateia que para endireitar o rumo dos comboios no Tua é preciso mudar o rumo...dos votos, e trocar o bloco central pelo PCP, pois claro.
A tentadora Feira do Livro destaca os 140 anos do nascimento de Lenine, homenageia Saramago, Ary, mas também coloca a religião, Salazar e outros que tais entre as sugestões mais vermelhas. Aí, não há como não reconhecer o pluralismo.
Palestra sobre Imperialismo, Energia e Militarismo: desfiar da visão comunista do mundo. Muita coisa a fazer sentido, muita coisa idílica, mas também alguns questionamentos. Será que Cuba e Venezuela são assim tão perfeitos?
Outra vez Cuba no comício de encerramento: "contem connosco", promete Jerónimo. Para combater o embargo? Justo, sem dúvida. Mas e o resto? E as liberdades?
Para a política nacional, a defesa intransigente dos mais necessitados e tudo o que há de mais belo no ideal comunista. Um mar de bandeiras vermelhas, estrategicamente distribuídas antes do comício.
Dá vontade de voltar, dá vontade de não sair de lá, quiçá de ajudar a erguer a festa e às vezes até de esquecer a parte de Cuba, Venezuela ou a (singela, diga-se) barraca da Coreia do Norte.

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